a minha mão escreve pedaços de nada
já a espreita a morte poeirenta
a sua sombra ao redor de mim calada,
e um frio invisível ocupa meu ser.
a tarde pardacenta, o mundo é de tristeza
doem-me os sonhos angustiados,
na certeza que ficam sós, a envelhecer,
vislumbro o que sobra
de meus passos cansados, escuto a alma
que deixa antever o clamor da pena
é tudo isto que a vida nos cobra.
resignada, fico longe da dor, serena
algo sobra confuso na mente
até nos deixar cair no vazio,
por entre as memórias roídas,
quase esquecidas, como sombras
que se vão apagando,
num remoto esquecimento
ficando em alucinada escuridão,
ainda que sobreviva o coração
com a nostalgia mal curada
e a sombra ao redor de mim calada.
ameaçadores são os ruídos das horas
com rumores delirantes e
com cheiro a saudade,
assegurando-me que estou só,
num tempo estagnado em amargura
tempestade, onde já assenta o pó.
n.nuno
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe