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Viagem Frustrada(Sketch 7)
Sketch 7
Viagem frustrada
A cena se passa em abril de 1912. Inglaterra.
Cena Única
Um belíssimo quarto de casal. Uma janela aberta. É um belo dia e tudo parece ser perfeito. Em uma cama vemos um homem chamado Charles deitado confortavelmente, e no centro do palco vemos sua mulher, Daisy, se olhando no espelho.
Charles- Você não para de se olhar no espelho desde que acordou. Não sei como consegue ficar tanto tempo diante do espelho.
Daisy (olhando-se no espelho) - Tenho estado muito mal arrumada, meu vestido está amarrotado, minha face pálida, meus lábios descorados, meu colo pouco chamativo, e todo o resto horrível.
Charles- Que exagero! Você tem estado um pouco mal arrumada mesmo, mas nada demais. São os dias de correria por causa da viagem que faremos.
Daisy(radiante)- E que viagem! Uma viagem ao navio que venceu o Mauritânia (De boca cheia) - O Titanic!
Charles- Alguns amigos meus o admiram, outros acham que é apenas uma estratégia de marketing e que logo ele será esquecido. Mas não há como duvidar que ele realmente tem o melhor estilo.
Daisy- Mamãe tem falado dela há semanas, e disse que somos muito sortudos por ter comprado bilhetes para lá. Claro, nós iríamos mesmo em um navio desse, mas para acabar os bilhetes para um navio desse é muito rápido.
Charles- Mandaram-me fotos de nosso camarote. Eu ia te mostrar agora, mas você não para de se olhar no espelho.
Daisy- Oh, eu quero conhecê-lo pessoalmente. Não quero que a surpresa seja estragada por meras fotos (Ajeita os cabelos, morde os lábios de leve).
Charles- O único problema na viagem será o nosso filho Justin. Ele tem me dito para não irmos. Que não gosta do nome do navio, mas sabe como ele é... Ele é muito impressionável.
Daisy- Ele virá conosco. Ele não viaja sem mim.
Charles- Meu irmão estará nos esperando no porto. Como é daqui a quinze minutos, e moramos perto, ainda posso te contemplar por mais alguns minutos.
Daisy- Contemplar essa mulher horrorosa. Viu que ganhei peso?
Charles- Não, e você está exagerando novamente. Você está com o mesmo peso de sempre. Só que anda muito agitada no sono.
Daisy- Toda primavera fico assim. Já fui ao médico e ele não sabe explicar o porquê dessa agitação. Mas prometo, Darling, que vou ser mais cuidadosa.
Charles- Oh, não se cobre tanto. Eu mesmo também tenho estado muito agitado. São os negócios.
Daisy- Sim, e seu fumo excessivo de charutos. Eu gostaria que parasse de fumar.
Charles- Oh, eu não posso prometer me livrar de um gosto, principalmente quando ele me alivia e me faz refletir melhor.
Daisy- Você sabe que tem saúde fraca nos pulmões. Deveria parar. ( Ajeita a parte de trás do vestido).
Charles- Bom, eu já parei com o jogo. É uma grande vitória, não acha?
Daisy- Sim, mas ainda bebe e ainda tem o vício de ficar toda hora mexendo nas coisas que compramos. Ah, Charles, são tantos os teus vicios!( Ri)
Charles- Nasci com muitos, e como todos herdei de família soltá-lo me é muito penoso, inclusive que desistir do que se é prazeroso é outro vício em minha família( Ênfase na palavra família).
Daisy- Pois na minha família somos mais moderados. Mais equilibrados no que fazemos, e....
A porta é aberta. Entra um motorista com o chapéu na mão. Ele tem a expressão de que vai dar notícias ruins.
Marcelo- Senhor, eu não vou poder levá-los ao porto.
Daisy e Charles- Por que não?!
Marcelo- Ambos os carros não funcionam. Eu tentei de tudo, mas eles simplesmente pararam de funcionar.
Charles- E quanto ao carro de minha tia?
Daisy- Ela viajou com ele, senhor. Há quase três horas. Saiu sem dar nenhum aviso de onde ia.
Charles- Que maçada! Os bilhetes já estão comprados! E só tem... Não, claro que não vou de bonde. Ainda tem o carro de meu primo.
Marcelo- Ele também o levou senhor. E parece que ele me disse que não iria ao porto hoje.
Charles- Maldito!
Daisy sai de frente do espelho, senta-se na cama decepcionada, fica em silêncio.
Marcelo- O que devo fazer? pegar o carro emprestado de algum amigo seu, senhor Charles?
Charles- Não. Eu desisti da viagem, e creio que minha mulher também.
Ela assente decepcionada.
Marcelo- Sinto muito, senhor. Sei o quanto significava para você. Vou me retirar.
Charles- Pode ir, Marcelo. Obrigado por tudo.
Marcelo sai.
Charles- Que lástima! A maior viagem que faríamos em toda a nossa vida, e não vamos fazê-la.
Daisy- É terrível a sorte... Ah, que maldição! Ah, falarei mais com minha mãe, agora vou ver como nosso filho está.
Charles- Eu a acompanho. Ele me disse que tinha um sonho para me contar.
Os dois saem tristes. O pano desce.
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Publicado: 12/05/2023 10:08 Atualizado: 12/05/2023 10:09 |
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Re: Viagem Frustrada(Sketch 7)
Não sou preguiçoso Ainda assim Grato pelo esforço A benefício de todos Aqui
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