Sem esperar que algo de novo aconteça
Caminha despretensiosamente
Se olhar para o abismo vai ver
Bem no profundo de sua alma
Que ele chama pelo seu nome
Até Eco pode confirmar isso ao gritar
Nas montanhas onde o vento é silencioso
Onde o sol não toca a terra
E as borboletas desviam das armadilhas
Que as aves deixaram plantadas na escuridão.
Existe uma dor profunda no coração
Uma angústia na alma que deseja ardentemente
Fugir das armadilhas invisíveis da paixão
Que aprisionam as mentes mais indefesas
Que arrancam os pensamentos com suas armas
E deixam o sangue escorrer pelos poros
Na escuridão é que se vê a ilusão
Quando os olhos começam a se acostumar
Gritam para que não acendam as luzes.
No lugar mais profundo da alma
O silêncio nunca será uma boa companhia
O tédio gosta mesmo de morar com os solitários
Porque pode estender suas garras afiadas
Mesmo que ninguém queira vê-lo por ai
Não adianta tentar esconder dos seus olhos
É apenas uma perca de tempo idiota
Porque o tempo vai e volta com suas artimanhas
E no outro dia o tédio voltou a fazer companhia.
Abra os seus olhos e tente contemplar
Na escuridão do deserto corre a serpente
Na floresta o lobo está a espreita
E você acaba sendo vítima dos larápios da cidade
Dos contadores de histórias miraculosas
Que enganam até a própria morte com suas ladainhas
E por mais que você deseje outra vida
Não haverá nenhum minuto de paz para onde vais
Porque o infinito não pode segurar em suas mãos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense