Sim, é difícil amar nesta vida de memórias fugazes
Quão difícil é um bater de asas contra o vento sul
A lágrima pode deixar o coração amar até a morte
Chorar um oceano enquanto voa sobre toda a dor
Mas vencer as agruras é que faz que valha a pena
Nessa solidão de espelho feita de difíceis abraços
De cicatrizes incuradas e a esperança contramão
No difícil bater de asas e no temor de ser pássaro
Que o regresso do voo, desnuda dores impiedosas
De abrir o guarda-roupas e encontra-lo meio vazio
Mas, fechemos os olhos e nos lancemos ao futuro
Não esse tíbio futuro dormido entre sobrancelhas
Sim uma atitude insubordinável a acasos fortuitos
Para romper velhos paradigmas e olvidar ausências
Refugiar aos irremediavelmente órfãos do silêncio
Ser o ourives p’a imensa aventura de forjar a pena
E com ela dar vida ao poema, renascido tão ímpar
Qual fosse um presságio no brilho de um vagalume
Ou faina de deuses invisíveis burlando o cotidiano
Impedindo o medo cerrar janelas ao apagar da luz