Ah, como são pesados
os pés. São nómadas foices.
Se ao menos soubessem
que poderiam acordar as noites.
Com a linguagem dos braços.
Por cima da resteva que arde.
Saída do ventre menstruado.
Ah, como é duro o crepitar da carne.
Não sei onde está a penumbra.
Pois há uma lua nova, sem cumplicidade.
Ela amorfa a face do espelho.
Mas não remenda a maturidade.
Apenas, um breve sono de chumbo.
Fecha as pálpebras feridas.
Elas disputam-se pelos sonhos perdidos.
Saem as noites em atalhos para os dias.
Zita Viegas