Quero pensar nesse tempo que passa,
nas palavras que o mundo não permite,
nas esquinas dobradas em escolhas
maiores que a vontade.
Pensar nos caminhos repletos de folhas,
escritas como brotos, em várias primaveras,
e depois cerceadas por despedidas de Outono.
Convidar memórias a que permaneçam
além dos instantes marginais dos instantes,
para serem redescobertas depois
nos brilhos ocasionais das surpresas
tornadas tesouros.
E entender, nas voltas que o mundo dá,
como tudo muda e se esgota em si mesmo.
Reconhecer sentido nos detalhes do necessário,
na página que precisa virar-se por conclusa,
e simplesmente ceder a esse tempo
que nos esculpiu em detalhes efémeros
de algo que seremos sempre,
mas que afinal passou…