Eu admiro as pessoas que escrevem alguma coisa e saem exibindo, como se tivessem escrito uma obra prima. Essas pessoas nem dão chance para que alguém diga alguma coisa ao contrario. O entusiasmo é tanto, que ninguém (?) tem coragem de jogar uma ducha fria. Se alguém chegar pra você, todo contente (você já viu que a pessoa está “se achando”) e mostrar um texto dizendo: olha (que beleza) que eu escrevi! Você tem coragem de dizer que é uma droga? Tem coragem de desanimar a pessoa? É o tipo de coisa que eu não sei fazer... Eu não gosto de desanimar ninguém. Principalmente em relação a ARTE. Eu já vi jurados de programa de calouros, dizerem que o candidato deveria desistir de ser cantor, que ele deveria procurar fazer outra coisa. Mas a pessoa insistir e tornar-se um cantor profissional. Então, quem é que pode dizer o que presta e o que não presta? A “Poesia Marginal” por exemplo: na época em que ela estava “acontecendo”, era olhada pelos “estudiosos” com indiferença, sem nenhum valor literário. Hoje está servindo de estudo. O problema é que tem pessoas que só veem as coisas dentro de um molde, dentro de um método, seguindo uma norma... Tudo que estiver fora do controle de qualidade deles, não serve. Infelizmente, sempre vai existir uma elite dizendo o que presta e o que não presta. Se servir para a “elite”, serve para todos. Se não servir, está condenado. O que a “elite” esquece, é que nem todos são “elitizados”, nem todos são “letrados” para acompanhá-los no que quer que seja. Eu só acho o seguinte: se queremos que o povo aproxime-se da Literatura, temos que levar a Literatura para o povo dentro da sua “capacidade de raciocínio”, dentro de um mundo que ele possa se identificar. Todo mundo aprende a ler, começando pelo bê a bá. Depois é que vai se desenvolvendo. A mesma coisa serve para a leitura. Para fazer com que o povo tome gosto pela leitura, é preciso algo que lhe interesse, algo que ele entenda, que esteja mais próximo dele. Eu vejo o Ministério da Educação (através do FNDE - PNBE) investindo em livros para a cultura dos estudantes. Mas eles estão investindo nos “medalhões” ou nos “apadrinhados”. Drummond, Bandeira, Quintana... Eles são ídolos para mim e para alguns poetas que já estão na “estrada” há algum tempo. Esta juventude precisa de novos ídolos, de pessoas com quem elas possam se identificar. De que adianta os estudantes saberem sobre poesia, e ficar pensando que esse mundo ficou no passado? Para quê que eles vão “enveredar” pelos caminhos da Poesia, se próximo a eles mora algum poeta, que nem um livro editado tem? Poeta é para quê? O Movimento Hip Hop está vencendo sozinho. Sem nenhuma ajuda oficial. E no entanto está mostrando caminhos para muita gente. Tenho dito.
A.J. Cardiais
07.10.2011
Um poeta, um sonhador, um buscador, um hippie, um Anarquista... Sei lá! Um vagabundo, tentando melhorar o mundo.