N'algum lugar do tempo algum anjo profetizava: Cuida! Cuida que a vida é ávida pelo retorno da própria vida na mesma vida em que tu vives.
Fora essa uma época em que aprendia a ler e falar, mas não ouvir.
Essa insanidade me perseguiu nos dias vindouros. Andava na rua e conheci alguém que bebia até gasolina, como eu. Tinha vômito na roupa, lágrimas nos olhos, lembranças solitárias, experiência sobre a vida, as coisas em geral e de coração vazio. Tinha vontade própria, conseguia andar por si, possuía a si e era ávida por viver. Não aceitava o lugar que a vida havia lhe imposto. Queria viver, queria amor, queria tanto.... O acolhimento oferecido fora incondicional até ficar de pé.
Mas a vida lhe tornou mais forte depois que partiu. Depois de adquirir tanto, mais do que imaginava.
Hoje, me encontro no fio da calçada comigo mesmo, sem esperança. Com o tempo, depois de aprender a ver, depois de aprender a ler, depois de aprender a falar, depois de tudo, ouvi. Mas só no fim, depois de tudo.
Hoje, e só hoje, percebi. A vida, na qual tentei ter paciência e ter controle sobre o que sentia, se fez implacável e retornou. Mas seu regresso se fez ao inverso. Colocou aquele que estava caído em pé e aquele que era a pé, no chão... Conversando com os ratos, comendo as migalhas dos pombos, refém do retorno, golfado por aquela mesma vida, ávida por regresso, no lugar do outro.
Assumi seu lugar e vi a vida se repetir.
Hoje, e só hoje, sôfrego e derrubado, sem admissão de rastejo, gatinho naquela mesma calçada, arredio, como todos que estão no mesmo lugar, em lamento. Agora percebo, sempre tem alguém lá. Se a vida derruba quem fica em pé, ela também levanta quem anda de quatro. Se existe esperança? impossível determinar.
À vida, ao lamento, às inebriantes sensações, à experiência, ao amor, ao vento e ao vinho: Um estilhaçado corpo humano ora, por hora, pela alienação fiduciária do bem querer.
No quiero ser normal.