Poemas : 

AMOR FATI

 
AMOR FATI


Deixe-me uma vez mais abrir a janela,
Afastar cortinas,
Para que o ar circule

Para que a esperança
Se renove...

Mesmo que seja ela
Um equívoco...
Um gozo fútil,
Inútil...

O que mais me resta?

Deixa que seja resto, réstia,
Engano tolo

Derradeira bobagem
Que me enlace

Que mais me resta?

Deixa que eu acredite
Que não hesite
Que persevere

E erre
E erre
E erre...

Não há acerto
Não há glória
Ao fim d’estrada

Não há morada
Que nos descanse

Não há chegada
Que nos aprume

Não há final feliz...

E nem por isso,
Esmoreço

Não há preço
Que me compre
A fé

E, por isso,
Peço, rezo,

Por um dia a mais
Que me enterneça

Por uma vã dança
Que nos embale

E nos remeta
Ao colo materno,
Eterno...


Que não nos deixava
Morrer

Mas agora,
Ao capítulo sôfrego,
Qual o balanço?
Qual o saldo?

Valeu de quê?

É uma lágrima última
Que me chega

É um soluço bêbado
Que me escapa

A espreitar essa aventura
Que ora acaba

Pobre grão
Insano de consciência

Que a todo firmamento
Contemplou

De que te somou
A maior experiência
Dos elementos recombinados?

Ser estupefato
Ante a grandeza
De tudo aquilo
Que, contigo, foi

Assim, contemplo
Assim me findo
E me despeço...

Era apenas disso
Que se tratava a vida?

Pois bem,
Se possível,
Tudo de novo,
Mais uma vez!









 
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RCFJ
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