Escrevo.
As tuas palavras descem em silêncio
refúgio navegável
a planar como aves que não morrem. Os olhos
inteiros
nus como alma que nos abraça
o sorriso derramado na pele
música
luz.
E eu a atravessar um corpo em fuga
um tempo forrado de silêncio.
Tropeço em medos
acuso-me de sílabas transgressoras.
Decomponho os instantes
no avesso de todos os vendavais
diluídos numa aguarela de foz sem nascente.
Escrevo.
Escrevo-me
num tempo de pretéritos.
Em que não existe a ponte de regresso
à iluminada geografia do vento.