Debruçamos a casa sobre o rio
e dói o ar a cada inspiração
quando
ao fundo
todas as coisas atravessam a noite.
Estendemos as mãos e traçamos nomes
na superfície das águas
onde agarramos os olhos
para nos podermos enganar.
Por aqui
morrem os poetas e escrevemos nos rostos
o tempo que somos.
Entardecemos em forma de rocha
pulsamos em palavras inocentes
e doces que nos sobem aos olhos
feitas de coração.
Recolhemo-nos em lugares circunscritos
ao ventre transversal que geme
no degelo dos dias.