Ninguém estranha que ao meio dia, não se olhe para cima
Cedo cairá o sol e a cor das flores destacará na paisagem
As marés silentes virão tocando as areias num longo beijo
Sobre as luzes da cidade e apenas aquela humilde estrela
O sopro a balançar teias de aranha nos cantos da parede
Caminho pelo asfalto vou a admirar as gretas nas paredes
E a mulher de calças com um raivoso desenho na esquina
A vida é plena de imagens pitorescas que caem no oblívio
Há coisas que só com o coração, se vai sentir de verdade
São pequenos itens e a vida quase te passa despercebida
O paraíso, ilha de terra vermelha em meio ao azul do mar
Os olhos cor de chá mate e os meninos brincam na praça
Aquele sujeito de sandálias verdes e cabelo despenteado
As imagens onduladas nos espelhos e o soluço frio do rio
Duas máscaras, uma sorri e a outra que rasga de tristeza
Não há cegueira maior que do olhar qual ignora o que vê
Que antes mesmo de olhar já se estabeleceram conceitos
Quando tudo que se vê deve submeter-se a certas regras
Mas setenta e três constelações brilham no céu da noite
Enquanto seus reflexos no teto te suplicam mais abraços