Embebido em suas lembranças
Ergue a taça da desilusão para o alto
Não tem mais a alegria de outrora
E poderia se esconder de algum vulto
Que ninguém notaria sua ausência.
O tempo passa muito lentamente
Para os que sonham nas madrugadas
Quando todo mundo está dormindo
Até os fantasmas cochilam em seus refúgios
Porque a vida parece não fazer sentido.
Poderia segurar o vento no sul
Empurrar as nuvens com as próprias mãos
Silenciar o canto dos pássaros
Que nada mudaria no coração desesperado
Que não consegue pensar em outra coisa.
Uma faca rasga a cortina da incerteza
Sangue imaginário verte das veias feridas
Misturam-se as areias da praia deserta
Onde nem mesmo as crianças podem brincar
Porque os castelos foram todos destruídos.
Poderia ser uma canção de amor
Versos que expressassem o verdadeiro sentimento
Mas é apenas um lamento sentido do vazio
Porque os olhos não mais se abrem
Nesse corpo agora sem vida alguma.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense