Poemas : 

Sem Surpresa

 
É tão fácil erguer a cabeça e passares tão altiva
E no princípio tu que eras só carne, te fiz verbo
Quando foste silêncio a minha língua foi palavra
E eu te fiz sujeito de minhas orações irregulares
Para ser alento, nas vezes que a fome te assolou
Quando o pó da estrada foi sede, fluiu no verso
O que fez brilhar teus lábios, ao sol do meio dia
E se o assombro da noite te afligiu, eu estava lá
Para reconhecer a voz que ladrava nas sombras
Se teus passos pisaram no sendeiro das partidas
Fui eu quem te mostrou os caminhos para volta
Quando, ébria desse cotidiano cruel, choravas
Meu ombro secou as lágrimas que te afogavam
Agora pensas que é só sacudir o pó das roupas
Passar aqui resoluta e não virar o rosto ao lado
Eu continuo aqui, nada deixo para as surpresas
Inclino-me à tua passagem, não me fere o olvido



"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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