Sangue espargido pelas pedras
Espalhadas pelas campinas
Totem erguido até as nuvens
Símbolos desconhecidos pelos olhos
Bezerro feito de ouro e joias
Retirados do nariz e orelhas
De pessoas que se curvam cegamente.
O totem que simboliza a paz
Coberto de sangue dos vencidos
Enquanto Ares se cobre com a pele dos homens
Que perderam suas vidas nas batalhas
E nos palácios ouvem-se
Risadas estridentes de reis que celebram,
Regados de vinhos,
As vitórias que não travaram
E, nas areias escaldantes do deserto,
Corpos de soldados apodrecem
Servindo de banquete para os abutres.
Os deuses se divertem
Na sua ambição desejam o louvor
E não tem coragem de sair de seus esconderijos
Por isso brincam com as guerras humanas
E com o sangue esparramados pelo chão.
Onde estão os que pensam sobre isso?
Os intelectuais que podem combater
A fúria dos deuses
E os mandar de volta para o limbo existencial
Apenas afirmando que não passam de miragem
Porque nenhum deles seriam alguma coisa
Sem a devoção infundada dos seres humanos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense