Eu venho das águas salgadas do mar
Essas águas inconstantes e tormentosas
Sal que me consome, água que me salva
Eis a pedra dura que a onda lhe bate
Água límpida ou água corrosiva
E ressoa entre sonolentos ecos
Essa boca e sua língua imaginária
As inúteis imagens aos meus olhos
Insistem e insistem insistentemente
Para ver acontecer o improvável
Que me fere as retinas de ausência
Para fazer acontecer o impossível
Na agonia teimosa das mãos nuas
Ouve o crepitar da chama, me chama
Para que eu alucine nessa avidez
Em que nenhuma palavra é em vão
E os vãos entre elas são janelas
Onde olho os passantes que vêm e vão.