Se as minhas dúvidas não fossem tão inquietantes
E eu apenas deixasse cair pelo chão
Não olhasse para os altares destruídos
Os restos mortais de adorações passadas
Quem sabe eu seria uma tanto mais feliz.
Se as minhas dúvidas se afastassem de mim
Quando deito-me para descansar
E voassem para bem longe nas primeiras nuvens
Fossem levadas pelo vento oriental
Quem sabe eu não teria
Tantas perguntas por fazer.
Se minhas raízes não fossem tão profundas
E não pudesse sustentar-me nas tempestades
Não suportaria tamanhas afrontas
Dos que não sabem nem mesmo o caminho a seguir
Quem sabe eu poderia dormir tranquilo.
Se eu apenas deixasse de acreditar
Que o mundo não é um lugar tão inóspito
Eu poderia correr pelas montanhas
Gritando ao mundo a minha felicidade
Por livrar-me de todas as amarras
Que me prenderam até este momento.
Se eu pudesse abafar o eco da minha alma
Que reage explicitamente contra meus pensamentos
Os mesmos que tento de todas as formas esconder
Eu poderia caminhar livremente pela terra
Apenas ouvindo o som silencioso da esperança.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense