Eu transo
Na noite mais tarde
Eu rasgo a cidade
A te procurar...
A lua
Não tem claridade
No peito a saudade
Que vem machucar.
No céu
Um ponto de estrela
Nem mãe natureza
Vem me ajudar.
E chove
O pranto do mundo
Soluço profundo
Vem me dominar
O vento
Cortando a cara
Feito uma navalha
Me deixa sangrar.
Perdido
Em minha miséria
Encontro com Célia
Na mesma esquina.
A rua
Um tanto escura
Célia prostituta
Vem convidativa.
Recluso
Em meu
Absurdo
Eu não a recuso:
Cena repetida.
Não sei
Se Célia resolve
O que me envolve...
Nem Célia ou Tereza.
E transo
Na noite, até tarde
Desperta a cidade
Acorda a tristeza.
Gyl Ferrys