Sentinelas de um tempo caótico
Perambulam pelas ruas sujas das cidades
Em becos mal iluminados
Onde há lixo espalhados pelas calçadas
E gente dormindo coberto de jornais.
Meninas muito novas se escondem nas vielas
Não querem ser vistas pelos olhos alheios
Estão ali em busca de salvação
Precisam conseguir alguma coisa
Para alimentar as suas ilusões.
Ratos reviram os restos de alimentos
E são perseguidos por gatos vadios
Que são enxotados por cães solitários
Perdidos em seu abandono noturno
Em busca de algo para forrar o estômago.
Um guarda noturno apita o seu apito
Na esperança de espantar algum gatuno
Ou de avisar os proprietários
De que faz a sua ronda corriqueira
Na esperança de receber a sua bonificação.
Os sentinelas apenas observam o caos
O abandono de vidas nas sarjetas
Entreolham entre si com indagações nos rostos
Porque ninguém tem uma resposta plausível
De que forma a humanidade chegou a esse ponto.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense