Tudo o que mais preciso
está no limiar do segundo,
não se vê na polegada
não dá sequer para contar.
Tudo o que mais preciso
é de um nada precisar.
Tudo o que mais preciso
é um rigor sem mortis,
é um agilizar elegante que disciplina,
que se nega, sem estrada.
Tudo o que mais preciso
é do tudo, que é também nada.
Tudo o que mais preciso
está ao alcance da alegria,
à mão da imaginação
ao pé do poema, de facto.
E de um mote impreciso, imprescindível,
imediato...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.
Este escrito é uma reposição de um comentário.
Surgiu para um poema de Jorge Santos "tudo o que mais preciso" e da iniciativa da horrosiscausa de fazer uma continuação alusiva ao tema.
Gostei, ao fazer a minha autoavaliação, dalgo meio espontâneo.
Resolvi publicar.
Agradeço aos dois.