Queria te escrever um poema diferente, mas não sei como
As palavras estão dentro de mim, mas não saem pela boca
O alvo papel diante de mim mantém sua pureza imaculada
Inobstante eu busque com avidez, nenhum traço é visível
Até pensei que, num fogo triunfante, as letras me brotem
Onde estão as frases de paixão que um poema devia dizer
Onde está a parte que diz da casa? As petúnias na janela?
Sei que meus versos não têm rima, ainda assim são poesia
Mas por todas ilusões perdidas, quase não consigo pensar
Tudo porque não aprendi a desamar, virar pr’o lado e fim
Tivemos tantos finais e tantas despedidas que eu nem sei
Na vida tudo deve ter fim sejam emoções, sejam instintos
Vou tocar o intangível de teus abismos, o teu azul celeste
Espremer a nostalgia da alma, rasgar a noite com um grito
Responder chamados ausentes, ir à batalhas sem disfarce
Os caminhos de volta se perderam em escombros arcanos
Mas tu és a lembrança que me dorme em sonhos paralelos
Na incerteza das cinzas na sepultura do amor e da poesia
Já não tenho sorrisos, nem humor, só esta triste ladainha