Dorme a madrugada na neblina silenciosa de olhos cerrados
Quem se atreve nessa penumbra de contrastes querer saber
Onde finda a jornada, quando tudo se esclarece vindo à luz
Memórias perdidas qual uma lembrança materna da infância
Ou do engano d’um amor juvenil, que se foi para nunca mais
Trazidas de volta, tal quem abriu caixas guardadas no sótão
Há quem diga que o advento da morte é algo assim, um filme
Onde se verá tudo aquilo que já passou e parecia esquecido
Num excêntrico pensar ver a árvore da raiz à copa mais alta
O mel e o fel, o delírio e o abandono, todo vento e calmaria
Porém não se pode voltar e repisar antigas pegadas na areia
Histórias de velhas marcas, que o vento oportuno já apagou
Nos labirintos da lembrança são só sentimentos desbotados
Pelas quais não se deve voltar a sofrer fazendo nova versão
A vida pede o agora límpido, sem olhar pelas vidraças baças
De outros dias, nem esperar as ilusões dos futuros incertos
Não fazem pães do trigal que o incêndio de ontem queimou