Chofer de estrada
Comecei há tempo trabalhar na estrada
Com um caminhão de dez toneladas
Um bom encerado e corda trançada
Com a ferramenta embaixo da almofada
Levo a minha vida sempre atribulada
Não tenho domingo, feriado nem nada
O meu caminhão é minha morada
Na sua cabine eu faço pousada
Se a estrada é lisa pro carro rodar
Eu ponho as correntes pra não derrapar
Vou cortando chão até onde dar
E se o carro atola não pego forçar
Eu tenho um chicão que é pra levantar
E com o enxadão começo a plainar
Eu faço uma estiva sem me lamentar
Com uma reduzida eu saio do lugar
Eu só viajo à noite, esta é minha sina
Tenho um bom farol pra cortar neblina
E se chove muito abaixo as cortinas
O gigante roda pra onde se destina
Eu já fiz direto do Rio a Londrina
Fui a Blumenau, em Santa Catarina
Eu fui de Goiás cortando as campinas
Pra Belo Horizonte capital de Minas
Eu faço transporte seja pra onde for
Fui de Porto Alegre pra São Salvador
E de Curitiba transportei valor
Rumo a São Paulo cortando o interior
Eu tenho cuidado, não forço o motor
E não piso muito no acelerador
Viajo sozinho sem nenhum temor
Com fé em São Cristóvão que é meu protetor
Mgá, 13.03.23
Comp. de Ado Benatti e Luizinho de 1951.
verde
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