Na rua XV, músicas e decepções vêm se misturar
Co’as mãos nos bolsos ele anda na madrugada fria
Ele busca a si sob o fulgor das lâmpadas amarelas
Do café pouco adiante vem o som d’um acordeão
Que toca um tango noturnal sobre dor e fracasso
A melodia triste abriu-lhe duras chagas incuradas
Rompendo amarras perigosas de lembranças vãs
Quem recordaria velhas histórias de dias outonais
Outro bar, u’a voz feminina canta ao som do piano
Fala de vingança e perdão e a noite se faz tão fria
Fecha o casaco: memórias são lâminas cortantes
Não há agonias inéditas, as carrega tal parte de si
Vem daquela esquina o solo de guitarra lamentoso
Falando de dias imemoriais e seus amores partidos
Que destino cantará no som que invade a calçada
Canta insustentáveis tempos de romance efêmero
A solidão se espalha na rua embriagada de boemia
Quanto segredo a noite esconde em bares escuros
Quantas histórias são ouvidas, nos palcos da noite
São almas errantes a buscar os resíduos de sonhos
Não foi hoje que ele encontrou o que veio buscar
Amanhã, quem saberá o que a rua XV vai reservar
Nesta minha rua imaginária, uma homenagem a quem toca e canta na noite. Uma advertência a quem acha que as respostas estão na esquina seguinte... não estão! Todas as respostas estão dentro de si.