Minha solidão é meu amor supremo, poesia viva
Sou cativo do vocabulário, além de mim mesmo
Sou qual um mar sem nome, um rio sem margens
Sou deserto imenso, sou espaço infinito e arcano
Lado a lado, vejo a vida e a morte, tempo de ser
Deito signos inconexos sobre o branco do papel
A fazer das dores pungentes, gentis lembranças
Sou eterno pássaro errante, teimoso insiste voar
Para nunca me tornar o carcereiro das palavras
Mas o que doa abraços, sem pedir nad’em troca
Esse meu coração solitário sempre sem aldravas
Ainda busca o tesouro escondido n’outro peito
Que escute o rumor de uma invisível eternidade
Então e breve amará veloz qual louco peregrino
E irá trilhar sobre as brumas nos céus do olvido
Onde celebre em vinho, às palavras transitórias
Em mil borbulhas cintilantes, cruzando triunfal
A última linha, transumante desta terra ingrata