há uma luz que cega o tempo
erode o perfume do agora
e escurece suavemente o que vem
é um sempre além
que demora, que aquece
que sem vão se carrega
há um grito que ensurdece este lugar
numa breve melodia
coisa de provérbio, de aforismo
que resiste e depois
se enterra.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.