Poemas : 

A Geometria dos escombros

 


Ensurdecedor se levanta o pó
e a cidade cega tateia em desespero.
Janelas envidraçadas se entregam
de peito aberto até que o ar
se encha de chuva
de estilhaço.
Alguns pilares resistem à vibração
do ar, como soldados suicidas,
enfrentam explosões
da temperatura hedionda
e vão trepidando e se quebrando
antes da desconstrução fatal.
Por alguns minutos, cinzas
sufocam gemidos e estes sucumbem
ao silencio.
Alguns gritos chegam com o vento;
balburdias da correria
pós conflitos
depois que a poeira senta
e a cinza se cola em alguns
bravos monumentos,
escombros revelam ao mundo
suas geometrias
e a dor calada em cada fotografia


Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=317642 © Luso-Poemas



Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

Open in new window

Face lll de MarySSantos
 
Autor
MarySSantos
 
Texto
Data
Leituras
338
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
12 pontos
6
3
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/01/2023 23:04  Atualizado: 17/01/2023 23:04
 Re: A Geometria dos escombros


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/01/2023 10:31  Atualizado: 18/01/2023 10:31
 Re: A Geometria dos escombros
.
Encontrei o máximo nessa renovação ou apresentação.
Abraços!


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 25/01/2023 18:04  Atualizado: 25/01/2023 18:04
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
 Re: A Geometria dos escombros
Azulejo em pó, é só juntar água



Já guardei um tijolo dos destroços,
está num monte à minha espera
com vidros, azulejos e a primavera
e sangue, carne apodrecida, ossos...

Se fizer, à mão, um castelo e fossos
com esse entulho, onde antes era
um país, uma pátria, uma fera,
onde se bebia de tantos poços,

ou posso construir, repetir pontes,
de mais tijolos de outros montes:
um quebra-cabeças decapitado.

Neste eterno e escurecido inverno,
nas mãos apenas guardo o inferno
e todas as pontes sem o outro lado.


de cheiramázedo