Era uma fera de íris indefinida
Um misto de sangue e marfim
O olhar de fêmea xiita
Nidificando dentro de mim.
Dançava as danças gregas
Cantando cânticos sem fim
Envolta em vestes negras
Em fitas fulvas carmesim.
Cabelos de ouro ao vento
Cobrindo o rio das costas
As mãos nos seios sobrepostas
Libertando libertinos pensamentos
Descobertando outras feras feridas
Pássaros perigosos nos pêlos
Beijos propostos com zelo
No decorrer das idas e vindas
Entrelaçados em risos ibéricos
Nas pedras lavadas pelas chuvas
Em conceitos meramente hipotéticos
Das unhas prisioneiras das luvas.
Fera em manhã de ouro cru
Tingida de brumas leitosas
Exalando eflúvios das rosas
Vestida de um jeans azul
Duas esferas de íris indefinidas
Um misto de sangue e marfim
O olhar de fêmea xiita
Nidificando dentro de mim.
Gyl Ferrys