O silêncio, deus a quem se visita
Se o corpo morto assim nos autoriza,
Pode ser a primeira letra escrita
Na folha enrugada que já foi lisa
Porque a pele vazia da desdita
Que avança sem olhar por onde pisa
Na ausência se revê e ressuscita
Já que o verso é livre, mas escraviza.
Reduza-se esta voz até ser nula.
Os jogos florais que o vate regula
Agora de pouco valem, ou nada.
Metros e rimas são matéria vã,
Que a inspiração é febre terçã:
Só o caminho respeito, e a pegada.