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Enviado por | Tópico |
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Alemtagus | Publicado: 11/01/2023 18:46 Atualizado: 11/01/2023 18:46 |
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3408
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Re: A escrita também morre quando a matam
Este é recente. Bom e recomenda-se.
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Enviado por | Tópico |
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MarySSantos | Publicado: 12/01/2023 12:58 Atualizado: 12/01/2023 12:58 |
Usuário desde: 06/06/2012
Localidade: Macapá/Amapá - Brasil
Mensagens: 5848
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Re: A escrita também morre quando a matam
"a escrita também morrem quando a matam"
... mas pode ser ressuscitada! médicos não faltam para fazer a massagem cardíaca e até respiração boca a boca. (brincando um pouco , porém, convicta da possibilidade ) Maria |
Enviado por | Tópico |
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Rogério Beça | Publicado: 13/01/2023 09:23 Atualizado: 13/01/2023 09:45 |
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
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Re: A escrita também morre quando a matam
Agora mais a sério (não vamos discutir a seriedade da poesia...), como pode morrer a escrita?
Não me compete ter certezas, mas o assunto parece um caso sério (outra vez?!) de filosofia, ou de incerteza existencial que me apeteceu explorar. O título obedece a esse facto. Quando se mata algo, ele morre. Esta é uma forma engenhosa de personificação. Muito simples, parece, mas deste modo o autor coloca a escrita (que é tinta sobre papel, ou pixels em ecrãs, ou onda sonora, entre outras que me esqueço) no mundo dos vivos. Como um peixe, que nasce, cresce, reproduz-se e morre. E vive. Além disso o título põe a nu um crime. Uma espécie de homicídio da escrita. Um escriticínio (?!). Seja voluntário ou involuntário, acidental ou premeditado esse crime mereceu um poema composto por duas estrofes de tom acusatório. A aposta na rima cruzada tem o tom de colocar uma cruz na sepultura da vítima. Além de conceber ao poema melodia e algum ritmo. Na primeira estrofe é quebrada nos últimos três versos. Com nove versos, a primeira estrofe apresenta a teimosia e a pureza como culpadas. Sendo o adjectivo “...rosas...” também um nome, essa subtil ambiguidade diverge-me entre os espinhos (apesar do perfume) e aquele tom desmaiado de vermelho que dá um tom feminino a tudo. O que embeleza também pode tornar feio. Sendo que o apelo à flexibilidade e à tolerância visível face à forma como se associa a fealdade à supracitada teimosia. Uma estrofe forte que também nos fala de “...vontades...” e “...verdades...”. Acho muita graça ao uso do plural na segunda. “verdades” no singular é ilusória. Cada um tem a sua, embora achemos muito conveniente que as várias “...vontades...” coincidam. Desculpem, “...verdades...”. Porque, no fundo para se manter viva a escrita deve ter vontades e verdades diferentes e não deve ser teimosa nem pura. A segunda estrofe tem um erotismo qualquer que roça o estranho. Composta por cinco versos como os dedos duma mão, a rima mantém-se idêntica à maior parte da estrofe antecedente, apesar do som final mudar. Como que nos quisesse dizer que são as várias camadas de roupa que tornam a vida mais atraente, pois o tom pesado mantêm-se. Gosto dos versos: “...Que presas a fundas crenças, Se mostram vestidas de nuas...” sobretudo da antítese do segundo. Mas também da justificação que o primeiro significa. Porque, no fundo as crenças, apesar de nos sustentarem enquanto pessoas e nos ajudarem no dia-a-dia, por exemplo a tomar as mais variadas decisões, não nos podem levar para caminhos fundamentalistas, nem à violência física ou psicológica. Talvez por isso tenha gostado muito deste poema, por ter uma forte moral sem se tornar demasiado moralista. Seja em “...rimas e as prosas...”. Abraço |