Que vos caiam em dobro
Em vossos peitos e costas
Tal intenso cheiro salobro
Das entranhas expostas
Tais desejos que a mim desejam
Que por mal ou bem os disserem
Vos devolvo eu para que os vejam
Na miséria da vida que tiverem
Que se lhes encarquilhem os ossos
Dobrados em dor e tamanhas aflições
Ao ponto de caírem em fundos poços
Olhos, memórias e amargos corações
Desculpas que amanhã me peçam
Que vos queimem as mãos e os pés
Para que todos os vossos lhes meçam
Toda essa desgraça de lés a lés
Que se enfeite e adorne a vossa razão
Com desamores que já foram alegria
Que igual seja verdade ao vosso varão
Para que viva a noite escondido do dia
Palavras estas que eternizem todo o ano
Sempre cantadas por vossa vida fora
Serão veladas pelas mãos de Cipriano
E fechadas em vós qual caixa de Pandora
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma