Ninguém ousa libertar um novo grito.
No horizonte o astro-rei foi-se embora.
Luzes bruxuleantes entram em conflito
Com a noite veludosa que nasce lá fora.
Chega a noite estrelada, densa e sem lua
Algumas nuvens fofas, esparsas e vadias
Fazem ser lágrimas as águas das chuvas
Que caem tantas, torrenciais e corredias...
Tantas, torrenciais e corredias
Lavando os beirais, telhados e ruas.
Depois se vão, terrenas, efêmeras, fugidias
Buscando grutas entre pedras porosas e nuas...
Vem a madrugada fria, um "fog" vai entre brumas.
Algo se move, se sacode , num eterno conflito..
A névoa leitosa se esparrama parecendo espumas.
Aqui dentro ninguém ousa libertar um novo... grito!
Gyl Ferrys