Deixa em abandono as palavras, que se libertem nas mãos acesas, que se levantem como um canto à desgarrada.
Deixa que um olhar, apenas um, seja a referência do caminho e depois sorri, sorri como quem singra, e protege como quem abre as portas do dormitório da alma e deixa entrar, deixa que permaneça, e depois, depois deixa ir, como quem sabe que volta.
Sente a fome do mundo, ergue bandeiras,
rasga a sensibilidade, bebe a paz e geme
todas as emoções dentro do hino de cada nação, e depois escreve pátria no peito.
Escreve família no som do batuque do coração, deixa a emoção aflorar, sente como quem sabe que é preciso amar, veste-te de humanidade e vai, vai sem medo, contorna o desassossego, sente uma voz interior sussurrar quietude, veste em reciprocidade o olhar, e sorri, como quem segura nas mãos o amor.
Alice Vaz de Barros
Alice Vaz De Barros