O ser é único,
único como túnica dos catadores do vento.
Não se pode ser vento e convento,
porém, tudo pode ser tudo
n'olho da rua, aberta à hipocrisia.
Na praça vendida, rendida ao engano
e dano,
o ser ou o não ser acaba por ser desvendado
pelo sopro do vento - hora de empinar cabeça
e semear rabo entre pernas.
O ser será sempre o ser, o único,
e não o convento, nem acento perdido no meio das palavras
adormecidas na grandeza dos pequenos.
Pode-se ser tudo;
ser hipócrita e veraz
ser diabo e messias
ser vento e convento,
mas existe uma única verdade entre verdades:
a verdade de não ser o ser credível
na sociedade dos homens.
Adelino Gomes-nhaca