Canto segundo: da saudade.
Vou dizer como tenho andado entre os mistérios da noite
Soluçando como o menino solitário a morder a doce fruta
Figos pingando gotas açucaradas no decorrer do caminho
Ao vento ouço o cantar dos duendes no idioma do tempo
Ah, essa indolência das longas tardes passadas a beira-rio
Aspiro o aroma da camomila que me preenche os pulmões
E meu peito ferido, ora em branco, fora tocado pelo amor
Desiludido, saudoso hoje espreito a fumaça das chaminés
No poente, os trens, tal longa centopeia, sinais de partida
Cruzam meu mundo, entristecido, entre amigos dispersos
Na saudade rubra do crepúsculo ao farfalhar dos cardos
O vento a liderar a visita de negros pássaros, uiva à janela