Canto primeiro: do desconsolo
Por todo o tempo que teu nome viveu em minha garganta
No celeiro dos esqueletos de minhas recônditas memórias
Das lembranças partidas para a morte solitária do oblívio
Olhai-me agora e vede as estrelas que caem de meu peito
As andorinhas azuis bailam-se nas tardes diante dos olhos
É que me encontro, assim, menino bem às três e quarenta
Por isso sigo só quase naufragado por entre antigas águas
Olhai-me agora entre os mil cantos esquecidos das tardes
Se minhas mãos jubilosas, úmidas de águas frias da geada
Erguem-se ao céu a rogar do sol o calor de pífias carícias
E sirvam entre nuvens inimigas qual camisa ao desconsolo
Olhai-me agora a pisar sozinho na grama crocante de gelo