Neste dia a suavidade da dança da manhã vem seduzir todos os meus sentidos, mergulhando no meu corpo numa carícia leve e delicada que me faz despertar para a alegria de sentir um raio de sol envolver a minha fronte e fazer brotar de mim a mais doce ode ao firmamento.
Desperto de dentro, bem do centro, de onde o meu sol próprio resplandece com todo o vigor e se divide em mil cores que oferecem acalento e vida ao meu estar.
Os aromas emergem da terra, soltam-se no ar, libertam-se das árvores e sente-se uma mescla de vibrante vida e doces prazeres na natureza. Toda ela canta, encantando os ouvidos mais distraídos. Toda ela vibra tomando para si a magia do Todo, a vida essencial que premeia toda a existência com delicados murmúrios que se vão espalhando pela envolvente.
O que seríamos nós sem esta festa de luz e sussurrantes melodias que recitam a pureza Divina? O que seríamos nós sem esta dádiva natural que tanto nos ensina e nos deleita?
Seríamos com certeza muito menos conectados com as maravilhas da existência, mais mal humorados e mais áridos. Não entenderíamos tão facilmente a riqueza que dentro de nós habita, tão ampla como magnificente, tão perfeita como imensa, tão luminosa como maravilhosa.
Se conseguirmos manter esta consciência, toda a existência será mais terna e suave. Toda a existência será menos penosa e trabalhosa.
Basta um passeio à beira mar para sentir a força das águas bem vivas dentro de nós, o seu poder incomensurável capaz de lavar as dores mais fustigantes e acalmar os anseios da alma.
Basta sentir a força das ondas a bater nos rochedos para perceber que somos bem mais fortes e corajosos do que o que estamos acostumados a acreditar, e fazer ressuscitar os nossos sonhos adormecidos por tantos anos de descrença.
O brilho das águas envoltas na luz da vida repara-nos e oferece-nos novas perspetivas, novos sonhos, novas ideias, novo ímpeto, novos horizontes.