Sinto a incerteza no vento
Como se me fosse embrenhar no incognoscível
Naquela penumbra que me assombra
No arrepio da alma sem assento
Temo este rio que me percorre
Mas que também é fascínio
O caminho faz-se nobre
Ante o discorrer do vaticínio
Ponho fim à fraqueza
Que me enregela as entranhas
Acordo com uma sensação de frouxidão
Do sonolento estado que me torna a vida estranha
Abraço meus últimos pingos de força
E sorvo-lhes o poder
Provo-lhes a energia do caminho de mais um dia
Que se quebra sobre mim, tentando me arrebatar
Sinto o fogo a estalar
No peito, no colo, no ventre
E minha ira querer despontar
Cada vez mais quente
E o não saber
Qual o rumo certo
Apenas embrenhar-me com prazer
No desconhecido inquieto
E lá mergulhar todo o meu ser
Para descobrir mais tarde
Que é feito de tanto poder
Poder que me mantém firme
Ante o fogo que intrépido arde