[Lápides do passado]
Tarde fria, sob o domínio de um céu nublado
Garoa fina sonda a face da vidraça
Pensamentos inquietantes, sobrepujantes
Se lançam para além da tristeza da praça.
Num monte qualquer, diante do mar
Ondas em fúria, quem pode acalmá-las?
Reflexos desconcertantes não cicatrizam feridas
Perturbadores movimentos pairam
Sobre as águas de nossas vidas.
Pés descalços degustam como vinho
Um caminhar doce e amargo, sobre as pedras das eras
Lágrimas insecáveis, risos marcantes
Em profunda escuridão ainda continuam brilhantes.
Inibições inebriantes, questões intrigantes
Como a terra foi concebida?
Linha tênue, eloquentes tempo e infinito
Calam os sábios como tolos
Afogados em seus próprios gritos.
Fotografias acinzentadas, lembranças esparramadas
Resquícios de contos caídos em gramados
Saudades, tempo e espaço entrelaçados
Cartas esculpidas, lápides do passado.