Ah, essa solidão que é feita de toda tua ausência
Um território irreversível toda vez que não estás
Que se cria quando a razão se faz de sentimento
Para delinear o contorno da realidade e do sonho
Esse purgatório que se gera em céus sem estrelas
Adoraria que os relógios parassem na madrugada
Antes que meu coração sangre na tua despedida
Que pudesses te render às armas do meu silêncio
Do meu olhar inundado que dispensa as palavras
Para assim me permitires de novo te enlouquecer
Queria alcançar a razão indecifrável de tuas idas
Abdicando da conveniência em favor da verdade
O porquê te vais se tua boca inda busca a minha
Se trazemos à tona, animal liberto, todo esse cio
Que nenhum labirinto de cimento pode esconder
Só o poema amainará a sina febril dessa ausência
Essa dor necessária, rosa inodora, pétala sem cor