Venho escrever-te qual quem na hora da sede, vai à fonte
Quando repousa o canto do pássaro, doce canto da brisa
Venho ouvir a correnteza dessas águas mansas e colossais
Meu poema será teu esteio, tão límpido e quiçá pungente
Tal o bosque sombreado, teu amparo na hora do cansaço
Venho para sentir teu perfume de rosas, cheiro de delícias
Quando o frio me cerca com suas dolorosas garras lívidas
Para me aquecer em teu fogo que é o recanto de meu sol
O meu amanhecer radiante, o bálsamo das minhas feridas
Taça em que toda a dor se embriaga, até o esquecimento
Venho a ti quando meu desejo devora o abismo entre nós
E minha alma incontida te oferta meus mares de mistério
Os céus onde florescem os astros sobre seu manto negro
As constelações e os sonhos onde vivemos antes de tudo
Há quem precise terras, casa e pátria. Eu preciso só de ti
Venho qual a águia observar do píncaro o prado em flores
Eis que longe do horizonte de teu abraço é apenas morrer