Naquele dia era meio dia e anoiteceu de dor e amargura
A morte me tocou o peito e eu mal pude saber o porque
A sede é instantânea, sombras ocupam tudo que era luz
É um fio que se rompe fácil, um golpe no início da tarde
De nada vale afogar-se em pranto, a hora é de despertar
Todas aquelas linhas em branco das páginas do caderno
Aberto a imitar um par de asas, não vão guardar os dias
Ou as horas escuras que se passaram, tal marés na noite
E sem se lograr guardá-las tornar-se-ão brancas espumas
Como onda que se choca no rochedo, vai ao céu e some
Ah vida cega, eu passageiro da morte, te ofereço versos
Calados na garganta. Hoje trajo novas vestes, renascido
Pois minha boca enfim encontrou respostas em tua boca
E assim olvidar as cicatrizes que n’outro tempo carreguei
Repousar ora revivido no plácido vale entre os teus seios
Nas curvas meigas de teu corpo, semeei minha fortaleza
E servir-te com fidelidade, é minha mais áurea conquista