A dor envelhece por seus caminhos simples e profundos
Ondulando pelos dias, como as ondas mais lentas do mar
Enquanto a vida ruma a seu inevitável destino: a morte!
A sensatez que chega, corre nas veias rubras de sangue
Às vezes poderosa, mas sempre triste, escura e solitária
Conforme o tempo se soma, prefiro o diálogo ao ímpeto
Dói-me e a meus irmãos de silêncio, a cada golpe amargo
Saber que nada se sabe do implacável instante da morte
Tempos de valorizar coisas pequenas, sem nada a provar
Entanto avançamos às cegas, dor a dor, na lida de amar
O inverno, esse pássaro cinzento emudecedor, se retira
Depondo tantas horas ressecadas a soluçar impropérios
Que o coração os quisera gritar, contudo não o pudera
Mas a promessa da primavera não retorna folhas caídas
Neste ponto da vida que aparenta uma selva agonizante
Oculto lágrimas que calaram meus pássaros emudecidos
Vejo fumaça do diesel no ar, castigo de deuses de metal
O relógio não toca, mas impiedoso não estancará, nunca
É hora de recolher as horas, como folhas caídas da alma
Resgatar o futuro, perdoar o passado, viver a esperança