Cancioneiro
Mas o tempo passa chorando
Pela dor neste cancioneiro
Quando cessa todo o canto
Alagando o mundo inteiro
Ai... de mim neste recanto
Ao não ver teu brando encanto
Sal do mar, do mar que eu crio
Que são apenas aguas de um rio
Nos interstícios que tu eras
Mas que agora não é mais
Aguaceiros de longas esperas
Quando tu eras teus iguais
A alma de um branco franco
Quais areias de uma praia vasta
Quando andas sobre teus prantos
E estas mesmas areias tu arrasta
Cancioneiro de um vazio inteiro
Livros nas areias enterrados
Inspira a dor que é um desvario
Como as secas margens de um rio
E este amor que sequer sentiu
Que motivou esta terrivel dor
É o mesmo coração que se partiu
Ao perder este imenso amor
Alexandre Montalvan
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