Nas minhas noites insones, recordo faces incoerentes, afogadas
Incrustadas em suas máscaras, creem verdades o que é quimera
Numa espera de encontrar, dia a dia, o que nunca virá, alienados
Fragmentados, arautos de uma liberdade morta antes de nascer
Esperam colher o que não semearam, os frutos de erva daninha
Seu Deus reina nas bolsas de valores, entre anjos de percentual
Surgem aos quadriênios por ruas nunca pisadas, que dizem amar
Caricaturas de rosto humano, pronunciarão palavras insensatas
Espelhos ilusórios insistirão em se mostrar silhuetas sem brumas
As pessoas sem memória, já olvidadas dessa película sem roteiro
Os seguirão em filas, flautistas do apocalipse, cairão no precipício
Eles são de diversos tipos qual diversas cepas da mesma doença
Uns nada produzem mas sabem multiplicar tal se multiplica a fome
Uns vestidos em mantos negros têm na alma negrume bem maior
São irmãos sem pais ou país, filhos da mesma mãe, d. corrupção