Poemas : 

paródia papal

 
e eu gosto deste homem.

sem papas na língua o jovem chico aproximou-se da borda e iniciou uma cantilena de embalar. aquele símbolo de mudança eclesiástica arregaçou a sotaina e fez um chichi abençoado sobre a rosácea flor da malvadez. compreensivo, calmo mas com sangue na guelra, coisa natural a todos os jovens, olhou para o chão e verificou que lhe havia escapado uma pinguinha. aquela vestimenta não dava jeito nenhum e, só de pensar que o chichi não era a única coisa que tinha que evacuar, infernizava-lhe a cabeça. agora sabia, verdadeiramente, o que é amar a deus.
à hora da refeição, caiu na asneira de se alambazar com uma feijoada e só depois se lembrou do que poderia ser o resultado. corajoso, depois de se levantar, tomou um café e fumou um cigarro (em segredo porque não se deve). o efeito foi imediato e a farpela não havia meio de se desviar. a correria pelos longos corredores na tentativa de atrasar o poderoso efeito mostrou-se contraproducente. não só ficou muito cansado e com umas dores brutais nos joelhos, como manchou ligeiramente a candura do tecido santo.
- que raio! - é claro que o chico nunca soltaria uma exclamação destas. homessa, lá é homem de praguejar? - sou o chefe e isto exige inovação. quero toda a gente à escocesa para evitar estas cenas.
- que escândalo, que escândalo. ainda se viesse dizer que o preservativo é uma coisa boa ou que o sexo não é coisa só de reprodução! - retorquiu o conselheiro mor - tal não pode acontecer que no inverno iria ser um suplício.
Foi, então, feito um referendo entre as hostes cardinalícias. o chico não teve sorte. as vestes continuaram como manda a cartilha e melhor remédio não houve que a institucionalização da fraldinha.

Valdevinoxis


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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