Agonia, sem explicar
És tu e pensas em não voltar
Aquele sitio de antes,
A amar esses grilhões,
A prender esse sopro de emoção.
Já não és e sentes de outra forma
Mas procuras em ti
Quem de ti já pacedeu,
Quem de ti fugiu da sombra,
Do que em ti habita,
Num simples gole de agua fresca.
Não és simplesmente um singular
E o que te popula o peito
Já não tem tantos acordes.
Essa noite já caiu
Mas não se ouvem as cigarras no ouvido,
Não sentes a brisa passar no calor das veias,
As mensagens já não correm no teu sangue.
Mas estás hoje aqui e levas no teu olhar
As palavras d'outras.
Tens amor debaixo das unhas por cortar.
Tens o rancor mas costas por coçar.
E assim, preenche-te o cheiro do luar,
Inalas os mistérios
Que nunca vais conseguir partilhar,
És outra de ti.
Maria Toranja