sorrateira, a porta abriu-se e, junto com a luz, adentrastes. nossos olhos se encontraram e todos os relógios emudeceram e, assim, todas as paredes perderam o pulso. as folhas que caíam lá fora paralisaram-se no ar, porque o tempo havia abandonado as mãos.
no encontro dos olhos o restante de nós se determinou a agir; meu lado esquerdo fundiu-se com teu lado esquerdo e nossos lados direitos se agarraram como se dois animais famintos com a mesma potencia de fome. nada mais pulsava além de nós e ruídos externos não ousavam soar porque dos nossos corações, em uníssono, escapava uma melodia célere e ao mesmo tempo compassiva para que o tempo não despertasse da letargia. nossos olhares esculpiram uma cápsula para que ele não pudesse escapar e a eternidade pudesse falar de mim, em ti e de ti, em mim.
Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.