Furor Matricial
Nenhum som vem das tuas ranhuras
nem do gotejar arfante das negras nuvens
porem há gritos aflitos de ti criatura
que somente as almas ouvem
sem nenhuma censura
Conhecer o amor sem nunca poder amar
ser vermelha em meio a verde lume
cores mortas perdidas no ar
Nau que é da noite e seu negrume
navega em ondas serenas
mas o coração nunca assume
o calor das praticas Obscenas
E no corpo a insatisfação progressiva
como um poema sem fim e sem começo
um orgasmo sem nenhum apreço
a cada ato morrer mesmo estando viva
Velas acesas quando o sol se apagar
luz que nunca é verdadeira
e nas ondas deixar o desejo flutuar
viver a vida por inteira
com as entranhas expostas
Tão difícil é o teu coração
que passa as noites sonhando acordada
no seu bater misterioso enredo
são os sonhos eroticos na madrugada
entrevendo a cruel solidão
sobre a terra árida, cruel arvoredo
tão difícil é o teu coração
que não conhece o medo...
Alexandre Montalvan
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