Sim, eu te amaria. Seria eu a força em tuas mãos vazias, a certeza comovente que te acalmaria a espera, a realização completa do amor temido, o novo sorriso pintado em teu rosto novo.
Sim, eu seria tua. Teu amparo nas noites de medo, teu sossego em cada amanhecer. Eu só teria tua pele em minha pele, só tua luz na luz dos meus olhos, só teu cheiro em meus pensamentos. Eu seria a palavra que te acenderia a paz no peito, o silêncio que te faria homem absoluto, poderoso senhor de todas as fronteiras. Sim, terias a alma igualmente saciada, teus rios plenos, teus caminhos suaves e eu dar-te-ia todos os meus sonhos. Minhas esperanças, em ti, seriam vida e meus dias momentos encantados flutuando na mansidão do tempo. Sim, eu te amaria. Serias em minha vida a emoção e a verdade, a razão de todos os princípios e eu seria para ti todas as mulheres que os ideais pretendem, todas as que guardo em mim, ainda nuas e amordaçadas; porque sem ti tudo é invisível, morto, inaceitável; tudo é um melancólico não-ser.
No meu impossível eu te faria pleno e plena eu seria na tua exatidão.
Sim, eu te amaria. Finalmente. Desembaraçadamente. Irremediavelmente.
Se viesses.